literatura

5 motivos para ler Nélida Piñon

Como vocês já sabem, me apaixonei por Nélida Piñon desde que li seu épico A república dos sonhos em janeiro desse ano. Por isso e pensando na minha lista de 12 livros para 2023, resolvi fazer um post sobre alguns motivos para lermos esses escritores, que são clássicos, alguns deles pouco falados, como é o caso da Nélida e complementar a experiência de leitura a partir de algumas informações sobre os 12 escritores(as) que selecionei para esse ano.

Nélida Piñon nasceu no Rio de Janeiro em 1937, filha de galeses, que vieram para o Brasil “fazer a América”, tema que vai permear muitas de suas obras. Formou-se em jornalismo pela PUC e foi membro da Academia Brasileira de Letras, sendo uma das escritoras mais traduzidas fora do Brasil. Seu primeiro romance, Guia-mapa de Gabriel Arcanjo, foi publicado em 1961 e a autora tratou sobre temas universais como o pecado, o perdão e a relação do homem com Deus.

Em seus textos, a autora explora muito sobre a alma humana, sobre as vicissitudes da vida, trazendo para os seus personagens referências mitológicas e literárias, reafirmando a universalidade dos sentimentos humanos e a nossa dificuldade em conviver com eles, em formar laços e em cumprir nossa jornada sem errar, sem sair da linha ao menos uma vez. Nélida sempre abordou muito a questão da mulher em suas obras, afirmando-se feminista e mostrando que as mulheres são livres, mesmo que seja apenas dentro de suas mentes. A escritora nunca teve medo de ousar, de colocar em sua prosa a sexualidade feminina, quebrar tabus e subverter a ordem do machismo recorrente no Brasil.

Além disso, ler Nélida Piñon é conhecer um pouco mais sobre o Brasil do século XX. Nossas crenças e idiossincrasias fazem parte de suas histórias e estão incrustradas em seus personagens, assim como os grandes acontecimentos políticos e sociais e as minúcias cotidianas que fazem de nós um povo, uma comunidade com suas falhas e acertos tão humanos quanto os personagens da autora. Assim, vamos aos cinco motivos que separei para lermos a Nélida e aprendermos com ela um pouco mais sobre muitos assuntos:

  1. Para o presidente da ABL, Merval Pereira, Nélida foi a maior escritora viva do país. Em seus 35 anos de produção literária, a autora escreveu 25 obras, dentre romances de fôlego, memórias, contos, crônicas e ensaios. Além de produzir muito, seus livros são complexos, os personagens muito bem construídos, além das referências históricas e sociais que ela traz em sua maioria.
  2. Fez parte da Real Academia Galega (Portugal), onde tomou posse em outubro de 2014. Foi uma escritora muito respeitada no circuito internacional e teve seus livros traduzidos para diversos idiomas. Foi correspondente da Academia de Ciências de Lisboa e a primeira mulher a integrar a Academia Brasileira de Filosofia e também a primeira mulher a ser presidente da ABL.
  3. Recebeu em 2005 o Prêmio Príncipe de Astúrias (prêmio anual, oferecido pela Fundação Princesa de Astúrias na Espanha, onde são homenageadas pessoas, entidades ou organizações de qualquer parte do mundo, que se destacaram por feitos notáveis nas áreas da ciência, humanidades ou na vida pública)  ocasião em que Nélida concorreu a este prêmio com os escritores Paul Auster, Phillip Roth e Amós Oz. Além dessa premiação, a escritora recebeu várias outras honrarias, 23 no total, confirmando a sua qualidade literária, seu prestígio e valor nas letras.
  4. Vozes do deserto, romance onde Nélida recria a história de Sherazade, mostrando uma mulher transgressora, capaz de romper com a sociedade patriarcal, ganhou em duas categorias o Prêmio Jabuti: romance e livro do ano de ficção. O Prêmio Jabuti é um dos mais importantes do Brasil porque além de abrangente, ele valoriza o escritor e destaca o trabalho de todos os profissionais envolvidos na produção de um livro.
  5. A república dos sonhos, seu maior romance, também foi contemplado com várias premiações no ano de seu lançamento e traduzido para 15 idiomas. Recebeu comentários muito positivos de figuras como Clarice Lispector, Mario Vargas Llosa, Carlos Fuentes e Octavio Paz. Também teve reviews elogiosos dos jornais O Estado de São Paulo, Folha de São Paulo, The New York Times Book Review, Publishers Weekly, Le Monde, Clarín e da revista Isto É.

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