crítica

Aprendendo a ler com os animais – Carolina Felicori

Não foi surpresa para mim quando iniciei a leitura de Aprendendo a ler com os animais (Adonis, 2021) e me flagrei sorrindo para o livro e para as histórias, vendo ali a minha amiga Carol, com o seu jeito especial de ensinar, de contar histórias e de agregar valores a tudo o que faz. Logo nos primeiros textos, notei com clareza que tinha em mãos um belo trabalho de pesquisa, uma brincadeira genial com a oralidade e a repetição de sílabas e um esforço para colocar tudo em ordem harmônica, com uma sonoridade familiar, mas ao mesmo tempo instigante e fascinante. 

Aprendendo a ler com os animais nasceu da necessidade de inovação, de apresentar às crianças do século XXI histórias diferentes e próprias para cada fase leitora. Carol, mãe de Bento de 6 anos, que estava aprendendo a ler e escrever em meio à pandemia de Covid-19, em ensino remoto, encontrou barreiras na hora de oferecer ao filho textos adequados à sua idade e fase leitora. Dessa forma, começou ela mesma a escrever pequenas histórias adequadas para cada momento de Bento. Ou seja, trabalhar a oralidade e a repetição silábica na primeira fase, com textos curtos e interessantes, permitindo ao estudante treinar a aquisição da leitura. Mas, sem o vazio de sentido que muitas vezes encontramos em histórias infantis. Aqui, temos informações em meio a esse trabalho oral tão importante para os pequenos.

Na segunda fase, quando a criança já está mais familiarizada com a junção das sílabas e o som que elas produzem, as orações vão ficando mais longas, assim como os períodos e consequentemente, as informações contidas nas histórias também se aprofundam. Finalmente, na terceira fase, o livro ganha fôlego junto aos estudantes. O título dado a essa parte do livro é “Agora eu já sei ler”, que é perfeito para a proposta. São dez histórias belas que trazem para a criança noções de vivências baseadas no respeito, na amizade, no companheirismo, na ética, na proteção ao meio ambiente e à natureza e no amor. Lamentei profundamente que esse livro não tenha sido escrito quando minha filha era pequena. Gostaria muito de ter lido esses textos em voz alta para ela. 

A leitura de “Aprendendo a ler com os animais” foi muito enriquecedora e mágica para mim. Muitas vezes achamos que livros infantis se limitam às crianças e aos pais dos pequenos, mas definitivamente isso não é verdade. Uma história como “A andorinha Ninha” me remete à vida no campo, ao dia a dia descomplicado de estar afastado da correria diária das cidades grandes, ao mesmo tempo em que me transporta para as histórias da minha infância, do “Sítio do Pica-Pau Amarelo”. Há diálogos simples, mas carregados de significado e de uma beleza singela das verdadeiras relações familiares.

No texto “A lição da zebra Zilu”, aprendi muito sobre as zebras e suas peculiaridades. A história é composta por diálogos que ensinam. Cheios de informações interessantes e de fácil compreensão, enfatizando as pesquisas sobre os animais feitas pela autora. Escrever para crianças é um dom. Utilizar os recursos da linguagem de forma tão bonita e responsável também é para poucos. E neste livro temos uma combinação harmônica das duas coisas: a linguagem na sua melhor forma, com conteúdo, oralidade e feita para crianças.

Nem preciso dizer que recomendo esse livro para todos os públicos. Em especial, para as crianças, pais e professores de pequenos leitores em fase de alfabetização. O livro conta ainda com um extra, que pode ser acessado por meio do QRCode pelo celular, com orientações e atividades para serem feitas junto com os textos. E nós, adultos, pais de adolescentes, podemos aproveitar o livro para ler em voz alta, aprender sobre os animais e nos divertir com as histórias inteligentes e sagazes que ele traz.

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