vida de leitor

Atualização de Leituras – Projeto Ferrante Indica

Há pouco tempo comentei por aqui sobre algumas listas que sigo de curadorias literárias feitas por críticos, escritores e especialistas em literatura. Uma das que mais gosto é a lista de 40 livros escritos por mulheres contemporâneas, indicadas pela Elena Ferrante, uma das minhas escritoras favoritas da vida. O objetivo deste post é falar um pouco sobre os últimos livros que li para esse projeto e o que achei sobre cada um deles. Para alguns fiz resenha aqui e para outros não, pois quando os li, ainda tinha o site. Indico a todos os leitores os livros listados abaixo. São de uma qualidade incrível e abordam temas preciosos para leitores que gostam de pensar e se incomodar.

  1. Léxico Familiar – Natalia Ginzburg (Cia das Letras, 2018): Neste livro, a escritora italiana apresenta ao leitor suas memórias familiares intercaladas com o cenário de guerra, dos tempos do fascismo na Itália. A autora vem de uma família judia, totalmente antifascista e que se vê obrigada a resistir ao regime autoritário implantado em seu país, que praticava a segregação racial e devastava a vida das pessoas comuns. Os relatos são muito bonitos, cheios de idiossincrasias de seus familiares e amigos, mas também brutal e reflexivo, afinal, o marido da escritora e outros parentes próximos foram vítimas desse regime cruel.
  2. Os anos – Annie Ernaux (Três Estrelas, 2019): O enredo de Os anos é bem parecido com o Léxico Familiar. Mas, no caso das memórias de Ernaux, os fatos acontecem em Paris, com reflexões universais. Aqui acompanhamos o microcosmo familiar da escritora junto aos grandes acontecimentos mundiais, como o surgimento da sociedade de consumo, a Guerra da Argélia, os atentados às Torres Gêmeas nos Estados Unidos, entremeados com as suas consequências dentro da casa das pessoas comuns. É um livro muito bonito, reflexivo e que conversa com praticamente todas as pessoas. Percebi muitas influências desse texto nos escritos da Ferrante.
  3. Vida Querida – Alice Munro (Cia das Letras, 2013): Já falei exaustivamente sobre esse queridinho por aqui, mas nessa antologia de contos da autora, temos 10 contos ficcionais e 4 autobiográficos, onde ela reflete sobre o cotidiano de mulheres em busca de si mesmas e sobre a sua própria vida. Os personagens desses contos podem ser qualquer um de nós, pessoas comuns, com sentimentos ordinários e que em um determinando momento, resolvem mudar tudo ou algo maior acontece e muda tudo na vida da pessoa. Livro lindo, espetacular e favorito da vida.
  4. O deus das pequenas coisas – Arundhati Roy (Cia das Letras, 2008): Neste livro acompanhamos a história dos gêmeos Rahel e Estha e sua trágica trajetória de vida. A narrativa é entrecortada entre passado e presente, formando um quadro sobre a vida na Índia moderna, que ainda guarda consigo os ensinamentos e as regras do sistema de castas hindus. É um livro extremamente triste e profundo. Leva o leitor às mais diversas reflexões e tem o dom de nos incomodar de forma contundente. A escrita da autora é muito poética e bonita, auxiliando o leitor nos momentos mais pesados da história.
  5. Esboço – Rachel Cusk (Todavia, 2019): Acompanhamos aqui uma professora e escritora em uma viagem à Grécia para ministrar um curso de escrita criativa. Durante o seu percurso, conhecemos um pouco dessa protagonista que quase não exprime opinião. A conhecemos através das falas dos outros personagens aleatórios que ela vai encontrando ao longo da viagem. A autora aproveita essa narrativa para discutir questões relacionadas ao casamento e à maternidade. A escrita de Cusk é muito fluida, mas esse é um livro reflexivo, não indicado para os leitores que gostam de muitas ações e poucas divagações.
  6. Uma vida pequena – Hanya Yanagihara (Record, 2016): Neste livraço da autora norte-americana, conhecemos quatro protagonistas totalmente diferentes entre si, mas com algo em comum: a amizade. Como se trata de um romance de formação, acompanhamos a trajetória dos amigos desde a faculdade até a velhice, com direito a flashes do passado para compreendê-los melhor. É um livro que divide opiniões, mas que para mim se tornou um grande favorito.

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