vida de leitor

Atualizando as leituras do primeiro semestre de 2021 dos 1001 livros para ler antes de morrer

Até me assustei ao verificar a quantidade de livros dessa curadoria que li em 2021. Mas é justificável devido às minhas escolhas do primeiro semestre por livros clássicos. Geralmente, leio os livros que “me chamam” da estante (ou da minha lista de desejos da Amazon), aproveito alguns projetos de leituras coletivas, que sempre enriquecem a nossa compreensão e aproveitamento dos livros e por isso essa lista vai ficando cada vez mais recheada de boas leituras e indicações para os meus leitores.

Não tenho a intenção de ler os 1001 livros constantes dessa lista. Até o momento, minha planilha com aqueles que quero muito ler está em aproximadamente 210 volumes. Aos poucos, vamos dando um check em cada um deles, respeitando o seu momento e mergulhando em várias histórias, conhecendo novas culturas e escritores pelo mundo. Segue abaixo uma breve sinopse dos 17 livros lidos dos 1001 livros para ler antes de morrer no primeiro semestre de 2021.

  1. O nariz – Nikolai Gógol (Antofágica, 2021): Clássico da literatura russa, onde um burocrata perde o seu nariz, que aparece dentro do pão de uma família simples de Petersburgo. O autor, de forma muito cômica, trabalha a questão do duplo e o chamado efeito espelho para um personagem que é arrogante, prepotente e não consegue se ver dessa forma, até ser confrontado pelo próprio nariz. Novela curta, engraçada, mas muito reflexiva e interessante.
  2. A senhora de Wildefell Hall – Anne Brontë (Record, 2017): Clássico britânico, considerado subversivo para sua época, conta a história de Hellen, uma mulher misteriosa que se muda para a mansão que dá título ao romance, sozinha com um filho, em plena Inglaterra Vitoriana. Os segredos dessa mulher que é julgada e condenada por uma sociedade tacanha são apresentados ao leitor através do narrador Gilbert, que é apaixonado por Hellen. Esse livro mexeu bastante comigo, gerou reflexões muito impactantes e por isso é um favorito da vida. Resenha em breve.
  3. Crime e castigo – Fiódor Dostoiévsky (Todavia, 2019): Outro clássico russo, que conta a história de Raskólnikov, um estudante que vive em Petersburgo e devido a várias circunstâncias mata duas pessoas a sangue frio. O romance discute temas muito importantes nos dias atuais, tais como o utilitarismo e o absurdo. O leitor é colocado dentro da cabeça do protagonista e assim consegue acompanhar o desenvolvimento do seu raciocínio e seu sofrimento. Também se transformou em um dos meus clássicos favoritos da vida e já tem resenha para ele por aqui.
  4. O assassinato de Roger Ackroyd – Agatha Christie (Editora Globo, 2014): Pode-se considerar esse romance policial da rainha do crime como um clássico. O leitor acompanha a história de um homem que foi assassinado em sua casa, de forma estranha e sem muitas justificativas plausíveis. Enquanto os detetives investigam o caso, Poirot, que está por ali, naquela cidade do interior, plantando abobrinhas, é chamado pela sobrinha de Ackroyd para investigar e desvendar o caso. O que ele faz com maestria, surpreendendo o leitor ao final desse romance. Destaque para a construção dos personagens e das pistas que a autora vai colocando ao longo da narrativa de forma inteligente e instigante.
  5. Ao farol – Virgínia Woolf (Autêntica, 2013): Um dos romances mais bonitos que já li na vida, Ao farol conta a história de uma família que está passando férias em uma casa de praia e deseja visitar o farol. A escrita da autora é tão bela e lírica, que até as cenas mais simples do cotidiano, como um jantar em família, ganham destaque em suas palavras. A história é narrada através de um fluxo de consciência, abarcando os sentimentos de vários personagens que ali estão em torno dessa família. Na segunda parte do romance, algo acontece e muda tudo. Essa parte gira em torno da passagem do tempo. Na terceira parte, a família retorna ao farol, 10 anos após o começo do romance. Teremos resenha sobre ele em breve por aqui. Também se tornou um grande favorito da vida.
  6. Rebbeca – Daphne Du Maurier (Amarilys, 2013): Romance clássico inglês que conta a história de uma moça que conhece um homem em um hotel, durante uma viagem de férias. Eles se apaixonam e se casam. Ao chegar na mansão onde vai viver com o marido, a protagonista sem nome se depara com a imagem imaculada da ex-mulher do marido, Rebbeca, a inesquecível. Dessa forma, ela terá de lutar contra o fantasma dessa mulher para conseguir manter seu casamento e sua felicidade. Parece uma sinopse banal, mas o romance tem muitas camadas, uma bela construção de personagens, uma ambientação muito importante e impactante para o desenvolvimento do enredo e uma surpresa no final.
  7. O estrangeiro – Albert Camus (Record, 1979): Novela clássica do escritor franco-argelino, que conta a história de um homem que após perder a mãe, mata um árabe com cinco tiros em uma praia. O problema é que esse homem não vê o crime como algo premeditado, mas sim como legítima defesa. Suas atitudes serão usadas contra ele em um julgamento bastante parcial. O autor aborda nesse livro a teoria do absurdo, deixando o leitor embasbacado e cheio de dúvidas e reflexões para a vida. Já tem resenha sobre esse livro aqui no site.
  8. É isto um homem? – Primo Levi (Rocco, 2013): Livro de literatura de testemunho, onde o autor, sobrevivente de Aushwitz, conta a sua trajetória e os horrores vivenciados no campo de concentração. Italiano, de origem judaica, Levi foi um dos últimos homens levados pelos nazistas para a Polônia, junto a outro grupo de judeus que se escondiam na Itália e preparavam uma fuga para evitar essa captura. É um livro forte e impactante.
  9. Doutor Fausto – Thomas Mann (Cia das Letras, 2015): Esse romance clássico do escritor alemão Thomas Mann conta a história do pianista Adrian Leverkühn, um homem obcecado pelo sucesso e que está disposto a tudo para ser famoso através de sua arte. O livro é muito grandioso, tem um narrador em terceira pessoa impagável, muitas digressões e faz uma alegoria à Alemanha nazista através de seu protagonista. Se tornou um dos meus livros favoritos da vida e já tem resenha para ele aqui.
  10.  O apanhador no campo de centeio – J. D. Salinger (Todavia, 2019): Clássico famoso do escritor norte-americano, que acompanha quatro dias na vida de Holden, um jovem contraditório, procurando encontrar explicações para a vida e compreender as hipocrisias e injustiças sociais. O livro é quase um solilóquio do rapaz, mas contempla um pensamento coletivo dos estadunidenses do pós-guerra, as mudanças que estavam acontecendo e as questões que surgiam a partir dessas transformações. Também se tornou um favorito da vida e tem uma resenha muito legal sobre ele aqui no site.
  11. O senhor das moscas – Willian Golding (Alfaguara, 2014): Um avião cai em uma ilha deserta, em meio à Segunda Guerra Mundial. Porém, seus passageiros são um grupo enorme de crianças, de idades variadas e os adultos que estavam no voo, morreram todos no acidente. Os instintos selvagens aos poucos vão tomando conta de todos até que uma guerra é iniciada. O autor vai trabalhar nesse romance a luta pelo poder, a inveja, a exclusão, a solidão e os vários estereótipos criados pela sociedade. Vai abordar ainda a luta do homem pela sobrevivência, ignorando totalmente a civilidade e as regras que valem na cidade grande.
  12. Grande sertão: veredas – Guimarães Rosa (Cia das Letras, 2019): Grande clássico da literatura brasileira, que conta a trajetória do jagunço e professor Riobaldo, em sua travessia do sertão para vingar a morte de seu amigo Zé Bebelo. Em meio a essa viagem, ele conhece Diadorim, que se torna seu melhor amigo e a pessoa mais marcante de sua história. Narrado em primeira pessoa, por Riobaldo, temos um narrador pouco confiável e que aponta isso ao leitor o tempo inteiro, afirmando sempre “é e não é”. Guimarães Rosa trabalha muito a questão da memória e como lembramos os fatos da nossa vida, de forma parcial e questionável. Apesar da linguagem difícil, sem pausas ou respiros, mergulhamos nessa história fascinante, inteligente e surpreendente. Também se tornou um grande favorito da vida e tem resenha para ele aqui.
  13. O quarto de Giovanni – James Baldwin (Cia das Letras, 2018): Romance fundamental da literatura de resistência norte-americana, que conta a história de David, um homem falho, cheio de imperfeições e preconceitos arraigados, mas que é bissexual. O enredo se desenvolve em Paris, mas não na Paris turística que conhecemos e sim no seu submundo, onde David conhece o garçom italiano Giovanni e vive com ele um romance “proibido”. Com a volta de sua noiva à cidade, ele precisa decidir com quem vai ficar e se posicionar em relação à sua sexualidade. Livro forte e sensível, cheio de temas importantes para discussão. Em breve resenha dele por aqui.
  14. Ninguém escreve ao coronel – Gabriel Garcia Márquez (Record, 1980): Novela curtinha, mas potente de um dos maiores nomes da literatura latino-americana, que conta a história de um senhor que espera diariamente uma carta do município com a aprovação de sua aposentadoria. Ao longo da espera desse homem, o leitor acompanha a degradação desse senhor e sua família. A desumanidade contida em uma recusa de um direito adquirido por alguém que trabalhou a vida inteira, contribuiu, produziu e quando precisa do estado, ele lhe falta. O livro abre muitas discussões relevantes e nos faz lembrar muito o Brasil e seus idosos que estão esperando na fila do INSS para se aposentar.
  15. O mestre e margarida – Mikhail Bulgákov (Editora 34, 2017): Clássico contemporâneo da literatura russa, conta a história de um escritor que está enfrentando o regime soviético para conseguir publicar o seu livro. Quando as esperanças estão acabando, chega em Moscou o diabo com o seu séquito de acompanhantes para aprontar todas por lá e desconstruir as ideias reacionárias impostas pelo regime e expor as verdades sobre cada indivíduo dessa sociedade. Margarida, amante do escritor (o Mestre) se une à trupe do diabo para permitir que seu amado publique seu livro e para lutar pela liberdade. O livro é uma alegoria da Rússia stalinista e das opressões impostas ao povo naquela época. Assim como seus contemporâneos, Bulgákov foi perseguido pelo regime e só teve seus romances publicados postumamente.
  16. As meninas – Lygia Fagundes Telles (Cia das Letras, 2009): Mais um clássico da nossa literatura contemporânea, As meninas conta a história de três estudantes que vivem em um pensionato de freiras em pleno regime militar. O leitor acompanha três dias na rotina das garotas, conhecendo-as através de um fluxo de consciência bem construído e instigante. As três não têm nada em comum, a não ser estarem ali, em busca de um futuro melhor. Muitos temas importantes são tratados à moda de Lygia: falando pouco e deixando muitas coisas nas entrelinhas, subentendidas para o leitor compor a história junto com ela. Fascinante e com um final arrebatador e já tem resenha para ele por aqui.
  17. O deus das pequenas coisas – Arundathi Roy (Cia das Letras, 2008): Romance contemporâneo da escritora indiana, que conta a história dos gêmeos Rahel e Estha. Os dois, que eram muito próximos durante a infância, foram separados após uma tragédia e passaram anos sem se encontrar. Estão de volta à sua terra natal para o funeral da mãe e dessa forma, as lembranças voltam com força, levando o leitor a conhecer as dores dessa família: preconceito, sistema de castas, solidão, dificuldades financeiras, abuso e muitos outros temas importantes são abordados com delicadeza pela escritora. Já tem resenha para ele aqui no site.

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