É comum os pais nos perguntarem como transformar seus filhos em leitores. Essa é uma das maiores demandas recebidas pelos produtores de conteúdo literário e, pensando no assunto, enquanto desenvolvo textos infanto-juvenis, focados em grandes personagens literários, resolvi criar esse post, que pode ajudar no incentivo à leitura.
A primeira dica para incentivar as crianças a ler, é dar o exemplo. Quando elas nos observam lendo um livro por prazer, sentem-se curiosas em saber o que pode haver naquelas páginas, que nos provocam sentimentos tão diversos. A segunda dica é dar livros de presente para as crianças e adolescentes. Observar as suas áreas de interesse e procurar um livro que se encaixe nessas premissas, claro que o texto deve ser adequado ao desenvolvimento leitor da criança. Estas primeiras experiências podem ser propulsoras de uma futura paixão pelos livros.
A terceira dica é manter a mente das crianças ativa. A curiosidade é o primeiro impulso que leva um jovem a fazer qualquer coisa que seja. Inclusive ler um livro. O desejo pelo conhecimento deve ser sempre aguçado e por isso, nessa fase de iniciação à leitura por prazer, é recomendável escolher livros menores, ágeis, com poucos personagens, textos simples e imersivos. Assim, o jovem leitor vai conseguir acompanhar a trama e o enredo sem se sentir enfadado pela escrita.
Lembrando que essa é uma tarefa coletiva, ou seja, toda a família deve participar e também a escola. É comum ouvirmos relatos de leitores, professores e pesquisadores que afirmam ter tomado gosto pelos livros através de um professor específico que os instigou a dar o primeiro passo. Eu mesma, posso confirmar essa realidade pois, apesar de ter crescido cercada pelos livros (meu pai foi livreiro e minha mãe professora de português), passei a me interessar mais pela leitura depois de ter aulas com um professor que estudou Os Maias de Eça de Queiroz conosco no primeiro ano do Ensino Médio. Neste momento, descobri do que a Literatura é capaz. Então, vamos a algumas sugestões que podem servir como uma porta de entrada para o mundo dos livros:
- Os meninos da Rua Paulo – Ferenc Molnár (Cia das Letras, 2017): Este é um livro que indico tanto para jovens leitores como também para os adultos. Acompanhamos uma turma de amigos que entram em uma batalha para defender o seu espaço de jogar pela. As ações se passam na Rua Paulo, localizada em um bairro residencial de Budapeste, no início do século XX. Este é um livro cheio de ação e aventura, mas também possui muitas reflexões sobre as pessoas, através do comportamento comum das crianças.
- Trilogia da Névoa – O príncipe da névoa, O palácio da meia-noite e As luzes de setembro – Carlos Ruíz Zafón (Suma, 2013): Não é possível fazer um texto como esse sem citar Zafón. Ele foi um escritor que sempre desejou escrever livros que pudessem ser lidos por qualquer pessoa, tanto adultos, quanto crianças. Esta trilogia, que compõe as primeiras obras do escritor e que é classificada como literatura infanto-juvenil, mostra o poder criativo e a potência da escrita de Zafón. Os leitores jovens vão gostar muito dessas histórias, pois, as personagens são todas crianças ou pré-adolescentes, vivem diversas aventuras ao longo do enredo, mas também sofrem, se apaixonam, passam bastante medo e se divertem demais. O autor consegue unir nessa trilogia mistério, suspense, fantasia, aventura e amor. São lindos e merecem uma chance.
- A casa torta – Agatha Christie (Harper Collins, 2019): Apesar de não ser uma escritora juvenil, esse livro é recomendado para jovens leitores, assim como a maior parte da obra da autora. Cognitivamente falando, o mistério, o suspense e a curiosidade são ingredientes fundamentais para prender a atenção de leitores iniciantes. Dessa forma, não há ninguém melhor que a Rainha do Crime para começar a ler romances policiais e conhecer um dos maiores detetives da história da literatura, Hercule Poirot. Nesse livro especificamente, há uma garotinha muito inteligente que vive na casa torta.
- O sol é para todos – Harper Lee (José Olympio, 2006): Esse é um clássico que dispensa apresentações. Mas, para quem não o conhece, acompanhamos a pequena Scout e seu irmão se divertindo pela cidade, na década de 1930. Até que o seu pai (melhor personagem da literatura), que é advogado, resolve defender um homem negro, acusado de um crime que não cometeu. Esse livro tem uma abordagem histórica e social muito interessante e pode ser lido e relido pelos jovens ao longo do tempo. Mas, apesar de todo esse peso, ele é narrado em primeira pessoa pela Scout, possui uma linguagem simples e fluida e as cenas do tribunal também são narradas sob a ótica da menininha. História linda e cativante.
- A árvore do Halloween – Ray Bradbury (Bertrand, 2014): Oito crianças saem para brincar de “Gostosuras ou travessuras” na noite de Halloween. Até que sentem falta de um amiguinho e em sua busca por ele, descobrem uma árvore um tanto quanto peculiar. Através dela, vão descobrir as origens do feriado e os mitos que o envolvem. Grande prosador e conhecido por suas obras de ficção científica, Ray Bradbury é daqueles escritores que começamos a ler e esquecemos do mundo de tão imersiva que é a sua escrita. É uma excelente porta de entrada para os jovens leitores, que mescla fantasia, terror e aventura, além dos conhecimentos históricos contidos na obra.