Abril foi um mês diferente de leituras para mim. Até alguns meses atrás, estava em um ritmo voraz de leituras e, por isso, muitas delas estavam sendo feitas de forma muito superficial, sem o tempo necessário para elas. Creio que tudo isso faz parte do processo que estamos vivendo de driblar a ansiedade e seguir em frente apesar de todos os problemas que assolam a nossa sociedade atual.

Neste mês, li poucos livros (considerando a quantidade que costumo ler), mas foram leituras muito importantes e significativas. Algumas delas já estavam em andamento e outras, foram iniciadas e finalizadas no mês, enquanto outras foram iniciadas e abandonadas ou ainda estão em andamento.

1. O prisioneiro do céu – Carlos Ruíz Zafón (Suma, 2017): Essa leitura foi um presente para mim. Fazia tempo que não lia nada do autor, que tanto gosto. Este livro em especial é uma continuação direta de A sombra do vento e faz parte da série do Cemitério dos livros esquecidos. O universo de Zafón é muito rico e é perceptível o seu conhecimento histórico e sua pesquisa para escrever essa trama tão complexa e fascinante que acompanhamos junto a Daniel Sempere.
2. Os homens explicam tudo para mim – Rebecca Solnit (Cultrix, 2017): Livro de ensaios muito interessante, que trata sobre a violência contra a mulher, desde o famoso mansplaining até o feminicídio. Através de referências literárias e de mundo, a escritora e jornalista aponta alguns caminhos para o pensamento crítico sobre a situação da mulher na atualidade.
3. O enigma do quarto 622 – Joël Dicker (Intrínseca, 2021): Mais um romance policial grandioso do escritor suíço. Neste livro, o leitor encontra uma discussão sobre ética, moral, ganância, verdades e falsidades, através de personagens muito bem desenvolvidos e diálogos que nos levam a reflexão. Além disso, o autor faz uma bela homenagem ao seu editor que faleceu em 2018 com um trabalho de metalinguagem construído ao longo da narrativa. Como sempre, Dicker traz muitas referências literárias que servem de inspiração para o leitor.
4. Doutor Fausto – Thomas Mann (Cia das Letras, 2015): Clássico da literatura alemã que conta a história de Adrian Leverkühn, um músico clássico que faz um pacto fáustico em troca do sucesso e da imortalidade de sua obra. Esta foi uma Leitura Coletiva com a Paloma Lima, que enriqueceu muito a compreensão do texto de Mann. Existem muitas referências no livro ao Fausto de Goethe, à Divina Comédia de Dante, referências bíblicas, musicais de Bethoveen, dentre tantas outras. Destaque para a erudição do autor que é algo impressionante, para o narrador que é impagável e para a metáfora contida neste texto. Thomas Mann ganhou meu coração com esse livro, que considero uma das melhores coisas que li na vida.
5. O nariz – Nikolai Gógol (Antofágica, 2021): Clássico da Literatura Russa e lançamento mais recente da editora, o conto é uma crítica ao sistema burocrata de São Petersburgo do século XIX. O autor retrata as opressões da cidade sobre os homens através do fantástico e do absurdo. Apesar de ser um conto profundo e muito crítico, o humor está presente na narrativa do começo ao fim. A prosa de Gógol é bem acessível e a edição conta com textos de apoio de professores especializados em Literatura Russa e que ajudam muito na construção das chaves de leitura para esse texto. Além disso, a editora presenteou seus leitores com duas aulas da professora Raquel Toledo sobre o livro, ampliando a experiência significativamente.
6. O colecionador de ossos – Jeffery Deaver (Best Seller, 2008): Romance policial bastante conhecido, principalmente por sua adaptação cinematográfica, que tem como protagonistas os atores Angelina Jolie e Denzel Washington, o livro conta a história do investigador Lincoln Rhyme e da policial Amelia Sachs. Rhyme é um gênio da criminologia, mas após um acidente de trabalho, encontra-se paraplégico e impossibilitado de continuar trabalhando. Porém, após eventos estranhos acontecerem na cidade de Nova York, ele vai utilizar sua mente brilhante com a ajuda de Sachs para desvendar esse mistério. O livro traz personagens bastante complexos, tramas instigantes e um cenário urbano e moderno como pano de fundo. Para os fãs do seriado Dexter e da série Hannibal Lacter, esta é uma boa recomendação de leitura.
7. Os diários de Virgínia Woolf – 1915 a 1918 (Nós, 2021): Super lançamento da editora Nós, o primeiro volume dos diários da Virgínia saiu esse mês e passou na frente de todas as leituras programadas. Neste livro, a escritora conta o seu dia a dia desde o casamento com Leonard até o final da primeira guerra. O leitor conhece através dos diários os amigos do casal, muitos escritores da época que conviviam com eles, os jantares, óperas, idas ao cinema e teatro, passeios no parque, saídas para colher cogumelos e amoras, a rotina de trabalho na tipografia e as críticas literárias. Acompanhamos também o início do processo de escrita da Virgínia e como ela lidava com as críticas e via as pessoas. A primeira guerra faz o papel de um contexto histórico e tem descrições muito ricas sobre as pessoas lidando com isso. Maravilhoso!! Recomento para todo mundo.

E vocês? O que leram em abril? Compartilhe suas leituras nos comentários para continuarmos a conversa e trocarmos dicas de boas leituras.