vida de leitor

Leituras de fevereiro de 2023

Fevereiro foi um mês diferentão em leituras por aqui. Pela primeira vez em muito tempo, li mais mulheres que homens. Sim, foram 5 escritoras contra 2 escritores. E isso é algo raro para mim porque como leio muitos clássicos e literatura russa, consequentemente, acabo lendo mais homens que mulheres. Porém em fevereiro, tive uma ressaca literária após dois meses lendo Proust através do áudio-book, insistindo em ler Guerra e Paz nos intervalos do trabalho, algo que não estava funcionando – afinal, esse livro precisa ser lido sem interrupções, de preferência em silêncio e com muita atenção! E para completar, ainda não tinha encontrado nenhum livro favorito e arrebatador em 2023. Creio que tudo isso me deixou muito desmotivada, apesar de estar cheia de ideias, com a cabeça explodindo em consequência das últimas leituras do ano passado. Essa efervescência de ideias trouxe ótimos insights para textos, tanto que escrevi muito no mês passado e isso também é ótimo.

Assim, finalizei sete leituras em fevereiro e encontrei os dois primeiros favoritos do ano, algo que me deixou muito empolgada e feliz. Li alguns livros mais leves também, no sentido de fluência da leitura e de gêneros e autores que eu já conheço e gosto, a fim de sair da ressaca literária e conseguir ler mais. Participei de dois Clubes do Livro esse mês, que foram o Leia Latinos e o Clube do Livro de Literatura Inglesa e as duas obras escolhidas foram incríveis, uma delas, favorita da vida. Consegui também dar check no primeiro livro do meu desafio de 12 livros para 2023 e dei uma pausa nas leituras de Proust e Tolstói, postergando-as para este mês, quando estarei mais sossegada e menos ansiosa para dar a eles a atenção que merecem. Vamos às leituras concluídas em fevereiro!

  • Amigos, amores e aquela coisa terrível – Matthew Perry (Crítica, 2022): Livro autobiográfico do ator canadense, onde ele conta sua saga contra o vício em álcool e opióides. É um relato franco e visceral, que nos leva à empatia e também à reflexão sobre os danos causados por essas drogas. A fluência do texto é excelente, sendo assim, um livro bem rápido de ler, apesar do tema. Já tem resenha sobre ele por aqui.
  • A parábola dos talentos – Octavia E. Butler (Morro Branco, 2020): Continuação da duologia Sementes da Terra, da escritora norte-americana, onde ela finaliza a história de Lauren Olamina, após as catástrofes ocorridas nos Estados Unidos em um futuro distópico, onde as condições de vida são difíceis e muito escassas. O tema principal desse segundo livro é a religião e já temos resenha sobre ele por aqui também.
  • Tudo o que eu sei sobre o amor – Dolly Alderton (Intrínseca, 2022): Livro autobiográfico da jornalista britânica, onde ela compartilha de forma muito bem-humorada com o leitor as suas vicissitudes durante a infância, a adolescência e a juventude até os seus trinta anos. Os textos fazem parte de um blog que ela tinha antigamente e em meio à sua trajetória, encontramos relatos sobre anorexia, depressão, inadequação social, sendo fácil se identificar em algumas situações. É um livro fluido e rápido de ler.
  • Como ser as duas coisas – Ali Smith (Companhia das Letras, 2016): Livro experimental da escritora escocesa, onde o tema central é a arte. A partir de dois focos narrativos diferentes, o olho e a câmera, ela discute a arte pela arte, luto, adolescência, questões de gênero e a dualidade da vida. Utilizando-se do domínio da linguagem, a autora brinca com o leitor em uma prosa imersiva e difícil de largar. Escrevi uma breve resenha para ele no Instagram (@biblioteca_da_angel)
  • A República dos sonhos – Nélida Piñon (Record, 2015): Romance histórico e drama familiar da escritora brasileira, onde acompanhamos a saga de uma família de imigrantes galeses entremeada com a história do Brasil do século XX. Nélida abarca muitos temas importantes nesse livraço, desde a construção de um sonho até a posição das mulheres na sociedade. Resumindo, nas palavras da minha amiga Tatiane Hannisdal, “literatura, política e história” constroem esse livro que se tornou um grande favorito da vida para mim. Já temos resenha sobre ele por aqui.
  • A leste do Éden – John Steinbeck (Record, 2015): Saga familiar com muitas referências bíblicas, onde o autor nos leva à reflexão sobre o que é universal e como a história tão repetida de Caim e Abel pode ser interpretada de várias formas, tornando-se a história da humanidade. Livro lindo, bem escrito, cheio de análises importantes para a vida. Mais um favorito de 2023 e semana que vem teremos resenha sobre ele por aqui.
  • Virgínia: um inventário íntimo – Cláudia Abreu (Nós, 2022): Peça de teatro da atriz brasileira, onde ela cria diálogos entre a escritora inglesa Virgínia Woolf, sua família e amigos mais próximos. A autora partiu dos textos da própria escritora, de seus diários e biografias para criar essa conversa, como uma forma de homenagem à fascinante Virgínia. Para mim, o grande problema desse texto é que ele coloca a escritora em um espaço onde ela parece reduzida à depressão, sendo que Virgínia foi muito mais que isso. O monólogo também interpretado pela atriz Cláudia Abreu, está circulando pelo Brasil e esse final de semana estará em Campinas.

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