Parece brincadeira, mas o primeiro semestre do ano se foi e, observando minhas leituras, meus projetos e metas estão beeem atrasados, como sempre. É engraçado como o desejo de ler determinados livros passa rápido às vezes. Quando fiz minhas metas para 2023, há seis meses atrás, estava bastante empolgada por eles e, deveria tê-los lido um atrás do outro, antes que essa pressa em realizar as leituras se esvaísse. Porém, não foi o que fiz. Entretanto, percebo que durante o primeiro semestre, muitas leituras interessantíssimas surgiram, assim como, alguns projetos longos que me interessaram e embarquei neles sem pensar duas vezes. Confesso que estou com as metas atrasadas em relação a alguns desses projetos também. Porém, o mais importante é ler e principalmente respeitar o momento ideal de cada livro para que sejam todos bem aproveitados, sentidos e apreciados como merecem.

Esse mês teve de tudo: desde metas, até as leituras coletivas, leituras espontâneas que são sempre preciosas, decepções, favoritos, enfim, teve de tudo! Foram nove livros finalizados, sendo cinco deles escritos por homens e quatro por mulheres, a grande maioria deles foram lidos nas edições físicas, porém, li um e-book e escutei dois áudiolivros. Li oito países, alguns deles pela primeira vez esse ano e muitas editoras diferentes. Apesar do meu esforço em ler mais não-ficção e contos, os romances dominaram as leituras do mês. Isso me faz pensar que a cada fase da vida, estamos mais propensos a ler determinados gêneros e estilos de livros. Essas peculiaridades precisam ser respeitadas para que o hobby da leitura não se torne um fardo enorme. Vamos aos lidos do mês!

• O invencível verão de Liliana – Cristina Rivera Garza (Autêntica Contemporânea, 2022): Romance baseado em fatos reais que conta a história da jovem Liliana, vítima de um feminicídio nos anos 1990, na Cidade do México. Sensível e encantador, o livro é um grito sufocado de uma irmã enlutada por mais de 30 anos.
• Nêmesis – Philip Roth (TAG, 2021): Romance curto do escritor premiado que conta a história de Bucky Cantor, um professor de educação física que enfrenta uma epidemia de poliomielite, durante a década de 1940, em paralelo à Segunda Guerra Mundial e à culpa que o consome diariamente por não ser a pessoa que ele vê como ideal de idoneidade.
• A fugitiva – Marcel Proust (Nova Fronteira, 2016): Sexto volume da série Em busca do tempo perdido, onde acompanhamos a morte de Albertine e as grandes desilusões de Marcel em relação à amizade a ao amor. Este volume é bem mais ágil que os anteriores e a qualidade da escrita do autor só melhora.
• Robinson Crusoé – Daniel Defoe (Zahar, 2021): Um dos maiores clássicos da literatura mundial, conta a história de Robinson Crusoé, um homem que após um naufrágio, fica isolado em uma ilha deserta nas Américas por mais de trinta anos, tendo de enfrentar suas batalhas diárias para sobreviver. É um livro surpreendente e bastante filosófico.
• O manto da noite – Carola Saavedra (Companhia das Letras, 2022): Romance mais recente da escritora brasileira, bastante experimental, que mostra a trajetória de uma jovem que caminha pela Cordilheira dos Andes a fim de compreender sua ancestralidade.
• A revoada – Gabriel García Márquez (Record, 2019): Primeiro romance do escritor colombiano, onde aparece pela primeira vez a cidade de Macondo, cenário do clássico Cem Anos de Solidão. Os temas abordados pelo autor são a solidão e a morte, cercadas de mistérios e do realismo mágico.
• A lista de Schindler: a verdadeira história – Mietek Pemper (Geração Editorial, 2019): Relato autobiográfico de um sobrevivente do campo de concentração Cracóvia-Plaslow, um dos que foi salvo pelo empresário Oskar Schindler, onde ele relata suas experiências trabalhando para Amon Göth, tentando a todo custo sobreviver e manter sua família e o maior número de judeus daquele campo vivos.
• Cara Paz – Lisa Ginzburg (Nós, 2023): Romance que conta a história de duas irmãs, abandonadas pelos pais quando crianças e que precisam lidar com as consequências e traumas dessa infância infeliz, marcada por ausências, ainda na vida adulta.
• O jovem – Annie Ernaux (Fósforo, 2022): Relato autosociobiográfico da autora francesa, onde ela conta a sua experiência quando teve um relacionamento amoroso com um rapaz bem mais jovem que ela. A autora aborda as questões de gênero e de classe nesse micro livro, que poderia ter sido mais desenvolvido.