vida de leitor

Leituras de maio 2021

Maio foi um excelente mês de leituras! Foram 11 livros lidos e desses, 5 favoritos. Três leituras coletivas e um projeto pessoal de desencalhar livros da TAG da estante.

  1. O apanhador no campo de centeio – J. D. Salinger (Todavia, 2019): Holden é um jovem que acabou de ser expulso de sua escola e está vagando pelas ruas de Nova York a procura de respostas para as suas questões existenciais. Livro amado, favorito e cinco estrelas.
  2. O amor de Mítia – Ivan Búnin (Editora 34, 2016): Mítia é um rapaz apaixonado que apesar de todas as provas de amor que sua noiva lhe dá, não acredita em sua fidelidade e entra em uma espiral de ciúmes e loucura devido a suposições sem fundamento que o jovem cria em sua mente. O autor através do enredo dessa novela faz uma homenagem a sua pátria, pois no momento em que escreve esse texto, ele se encontra exilado na França. Livro curto, mas de um lirismo encantador e que deixa uma mensagem muito profunda.
  3. Eu não sei quem você é – Penny Hancock (TAG, 2021): Jules e Holly são amigas inseparáveis até que a filha da primeira acusa o filho da segunda de estupro. Esse foi um livro que me fez virar a noite lendo para saber o final da história. Através de personagens bem construídos e verossímeis e um enredo eletrizante, a autora discute muitos assuntos totalmente relacionados à contemporaneidade e que nos levam à reflexão.
  4. Grande sertão: veredas – Guimarães Rosa (Cia das Letras, 2019): Às vezes nem acredito que li esse classicão, que conta a trajetória de Riobaldo, um jagunço que cruza o sertão em busca de vingança devido à morte por traição de seu amigo Zé Bebelo. Nessa travessia, conhecemos muitos outros personagens que dão o tom a esse sertão que serve de espaço para tratar sobre questões humanas, universais. O sertão aqui é o mundo e “tudo é e não é”. Lindo, grandioso, favorito, cinco estrelas. Li esse livro em um projeto de leitura coletiva com a Jéssica Mattos, que está lendo vários livros nacionais em 2021.
  5. Gostaria que você estivesse aqui – Fernando Scheller (TAG, 2021): Como eu amei esse livro!! Aqui temos a voz de cinco personagens diversos que terão suas histórias cruzadas ao longo do enredo. O cenário é o Rio de Janeiro dos anos 1980 com todas as suas belezas e agruras. O nascimento do rock nacional, a liberdade e a luta contra a aids. Livro perfeito, sem defeitos, favorito, cinco estrelas.
  6. Longo e claro rio – Liz Moore (TAG, 2021): Um dos livros favoritos do Barack Obama do ano passado, narra a história de Mickey, uma policial que está em busca de sua irmã perdida para as drogas. A autora aborda nessa história uma trajetória do vício em opióides na Filadélfia e que destrói a vida de muitas pessoas. Além disso, ela discute também temas bastante contemporâneos, tais como a maternidade solo, as dificuldades que as mulheres enfrentam no mercado de trabalho e a corrupção policial.
  7. Uma vida pequena – Hanya Yanagihara (Record, 2016): Nem sei o que dizer sobre esse livro… eu amei tanto e posso afirmar que foi uma das minhas melhores leituras do ano. A autora vai nos contar a história de quatro amigos que se conhecem na faculdade. Cada um deles tem os seus problemas e questionamentos, mas o foco mesmo é Jude, um rapaz atormentado pelo seu passado e que luta todos os dias para continuar vivo. Mas não é só sobre isso. É sobre amizade, amor, perdas, vitórias, derrotas, destino…. É um daqueles livros únicos que encontramos pela vida e que nos transformam de forma contundente. Livro da vida, favorito da vida.
  8. O lugar – Annie Ernaux (Fósforo, 2021): Livro de memórias da autora que conta a vida de seu pai. Um homem que vivenciou o entre guerras e a Segunda Guerra Mundial e que se transformou junto com o mundo ao seu redor. Ele foi influenciado pelo meio e isso refletiu diretamente em suas relações interpessoais. Gosto muito da forma como a autora conta suas memórias, entrelaçadas com os fatos históricos e como esses momentos tão importantes para a humanidade afetam os cidadãos comuns.
  9. Felicidade demais – Alice Munro (Cia das Letras, 2010): Minha escritora favorita da vida foi a nossa leitura do Leia Mulheres Campinas de maio. Mais um livraço da autora, onde temos dez contos que vão incomodar, fazer refletir, e questionar nossas escolhas e o próprio destino. O livro foi uma ótima escolha para Leitura Coletiva pois rendeu muitas discussões proveitosas e reflexivas.
  10. É isto um homem? – Primo Levi (Rocco, 2013): Relatos das memórias do autor do tempo que passou em Auschwitz, durante a Segunda Guerra Mundial. Primo Levi e vários outros conterrâneos italianos foram levados ao campo de concentração em 1944. Dos 500 ocupantes do vagão que os levou até lá, Levi foi um dos 4 sobreviventes. Os relatos são difíceis, muito sofridos e sem nenhum tipo de romantização. A partir dessa leitura, percebemos o que nos torna humanos e o que nos desumaniza. Além de sabermos um pouco também do que as pessoas são capazes em situações extremas.
  11. A senhora de Wildfell Hall – Anne Brontë (Record, 2017): Segundo e último livro de Anne Brontë, a irmã mais nova dessa família de escritoras fenomenais que revolucionaram a Literatura Vitoriana. Das três, Anne foi a mais corajosa no sentido de expor os comportamentos inadequados das pessoas e denunciar as questões sociais que a incomodavam. Nesta obra, temos uma mulher em um relacionamento abusivo, com a sua voz silenciada (inclusive na escolha do narrador, que foi bastante sagaz da parte da autora), sendo julgada por pessoas que não a conhecem enquanto seu marido se entrega à esbórnia, regada a álcool e traição. Este é um livro incômodo, principalmente porque, se observarmos bem, os comportamentos expostos por Anne continuam acontecendo frequentemente e ainda existem várias vítimas desse tipo de relacionamento tóxico. Livro necessário e favorito. Essa foi uma leitura realizada em conjunto com a Duda Menezes, que está lendo a obra completa das Irmãs Brontë.

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