vida de leitor

Leituras de maio de 2022

Enfim, leitores, creio que o período de ressaca literária passou de vez. Maio foi um mês de muitas e boas leituras, com diversos livros finalizados e muitas histórias para contar. Foi interessante porque um foi puxando o outro, complementando o raciocínio e ampliando os conhecimentos sobre os temas, que geralmente coadunam. A lista de desejos só aumentou e o olhar para a estante mudou um pouco.

O mês de maio foi interessante no sentido de ter diversificado bastante os países lidos. Foram 11 leituras, cada uma de um país diferente. Isso é legal porque nos traz perspectivas diferentes, olhares diferentes e assim conseguimos relacionar esses lugares de fala de cada autor com o mundo globalizado e com a subjetividade do nosso olhar. Outro ponto positivo neste mês foi a independência que assumi ao escolher o que ia ler. Percebi que tenho me atentado mais às metas do ano e diminuído as leituras por indicação de outras pessoas, ou seja, estou me desapegando das influências de outros leitores para seguir o meu caminho e fazer as minhas escolhas de forma mais consciente e livre.

Fiquei muito satisfeita com o resultado do mês, com as minhas escolhas e principalmente com tudo o que aprendi com a literatura em maio. Vamos aos lidos!

  • A festa do Bode – Mario Vargas Llosa (Alfaguara, 2011): Romance histórico que conta parte da trajetória do ditador Rafael Trujillo, que comandou a República Dominicana por 31 anos no início do século passado. A partir de três eixos narrativos, o autor explora as relações familiares, o dia a dia do cidadão comum com as decisões políticas de Trujillo e como estas afetavam as vidas das pessoas. Em breve resenha completa sobre ele por aqui. https://amzn.to/3tb52y0
  • O deserto dos tártaros – Dino Buzzati (Nova Fronteira, 2020): Clássico da literatura italiana, conta a trajetória do tenente Giovanni Drogo em sua zona de conforto em um front de batalha, na espera de que os tártaros cheguem e ataquem a base. O livro discute a nossa relação com a inércia, com o fato de sabermos que precisamos mudar algo em nossa vida, mas sempre deixamos para depois e assim, o tempo passa e fica tarde demais para agir. É o livro favorito do grande crítico Antônio Cândido. https://amzn.to/3NaQKp6
  • O mito de Sísifo – Albert Camus (Record, 2018): Livro de ensaios do grande Camus, onde ele aborda as nossas dúvidas existenciais, em relação às repetições de todos os dias, ao cotidiano e também aos mitos que são criados e que devemos seguir, como uma espécie de kitsch. Com sua língua afiada e argumentações muito bem embasadas, o autor nos leva a questionar até que ponto as repetições são importantes, abordando temas delicados como o suicídio, a insurreição e a inércia. Indico demais esse livro para vocês, porém, ainda não escrevi resenha para ele. Então deve demorar um pouco a aparecer por aqui. https://amzn.to/3xcfFmS
  • 24 contos de F. Scott Fitzgerald traduzidos por Ruy Castro – F. Scott Fitzgerald (Cia das Letras, 2004): Coletânea de contos do autor, organizada em ordem cronológica, onde Fitzgerald aborda questões humanas muito pertinentes e atemporais, tais como o alcoolismo, o suicídio, os desencontros amorosos, a relação do indivíduo com o dinheiro, dentre tantos outros temas importantes. Já tem resenha para ele aqui no site. https://amzn.to/3NPqCQF
  • Os irmãos Karamazov – Fiódor Dostoiévski (Editora 34, 2012): Mais um classicão de Dostoiévski que conta a história da família Karamazov e suas idiossincrasias. De forma filosófica, provocadora e bastante reflexiva, o autor apresenta seus personagens extremamente complexos e cheios de camadas que vão compor essa trama que flerta tanto com o romance policial quanto com o drama familiar, mas que na verdade vai retratar uma sociedade tão complexa quanto o romance. Logo publicarei uma resenha tratando sobre os principais temas abordados por Dostoiévski neste monumento de livro. https://amzn.to/3m6L97r
  • À sombra das moças em flor – Marcel Proust (Nova Fronteira, 2017): Mais um volume desta que pode ser considerada uma das obras mais ambiciosas da literatura mundial, escrita por Marcel Proust. Neste segundo volume, acompanhamos o jovem Marcel em sua estadia na praia para se convalescer de um problema de saúde. Ali ele vai conhecer algumas moças que se tornarão importantes para ele. É um momento de transição na vida do protagonista, o que é muito bem retratado pelo autor. O livro possui trechos lindíssimos mesclados a muitas reflexões filosóficas sobre a forma como vivemos a nossa vida, as escolhas que fazemos e a passagem subjetiva do tempo. Já tem resenha para ele aqui no site. https://amzn.to/3mdFZq5
  • O seminário dos ratos – Lygia Fagundes Telles (Cia das Letras, 2009): Antologia de contos da autora, onde ela aborda os temas principais de sua obra: as relações interpessoais, a decadências da burguesia paulista, a insanidade e os problemas comuns aos brasileiros da época. A escrita da Lygia é contagiante, tornando o texto fluido e cheio de nuances que prendem o leitor. Meu conto favorito da antologia continua sendo o que dá título a ela: uma alegoria da ditadura militar no Brasil dos anos 1970. https://amzn.to/3GLGOzZ
  • Grama – Keum Suk Gendry-Kim (Pipoca e Nanquim, 2020): História em quadrinhos, em formato jornalístico, conta a história de Ok-Sun Lee, uma mulher que foi vítima dos japoneses durante a Segunda Guerra Mundial, sequestrada e violentada por soldados japoneses, servindo como “mulher de consolo” nas casas especializadas, criadas por eles com o objetivo de manter mulheres em cárcere privado para servirem de escravas sexuais. É uma história acachapante e que precisa ser mais falada, pois, essas mulheres foram esquecidas e vivem sem nenhum tipo de reparação por suas inúmeras perdas. Em breve resenha sobre ele por aqui. https://amzn.to/3NOqctJ
  • As boas mulheres da China – Xinran (Cia das Letras, 2007): Conjunto de relatos jornalísticos, reunidos por Xinran, com o objetivo de compreender melhor quem são as mulheres chinesas e quais as suas agruras. É um texto impactante, com relatos dolorosos, junto às reflexões da autora, que traz uma sensibilidade muito grande ao apresentar ao leitor essas histórias de dor e sofrimento. Em breve resenha sobre ele por aqui também. https://amzn.to/3xadcsR
  • A morte do pai – Karl Ove Ksnaugard (Cia das Letras, 2009): Primeiro volume da série autobiográfica Minha Luta, onde o autor narra os seus sentimentos conflitantes após receber a notícia da morte de seu pai. O livro intercala o presente e o passado de forma fluida, mesclando os acontecimentos pontuais com um fluxo de consciência das lembranças que veem à tona a medida em que o escritor se vê em determinadas situações daquele momento. É também um texto bastante filosófico, pois, como é narrado em retrospecto, o autor tem a capacidade de avaliar as suas ações e sentimentos com um outro olhar. Também terá resenha sobre ele por aqui. https://amzn.to/3xbDKu3
  • A insustentável leveza do ser – Milan Kundera (Cia das Letras, 2017): Mais um romance experimental, que podemos classificar como um romance ensaio, também muito filosófico, onde o autor explora as dicotomias da vida. A partir do conceito do eterno retorno de Nietzsche, Kundera procura entender qual é o peso da vida e se a leveza total é sustentável. Conversaremos muito sobre esse livraço na resenha que será publicada em breve. https://amzn.to/3NcT3Im

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