vida de leitor

Leituras de março de 2023

Em março aconteceu algo por aqui que não acontecia há muito tempo: li mais mulheres que homens e mais contemporâneos que clássicos. Talvez, essa mudança um tanto radical nas minhas escolhas de leituras esteja relacionada à uma certa saturação em relação aos livros que eu vinha lendo ultimamente. Alguns temas contemporâneos começaram a me chamar a atenção assim como, grande parte do mês de março foi dedicada à finalização da primeira parte de Guerra e Paz e de Sodoma e Gomorra, clássicos que veem me acompanhando desde o começo de 2023. Neste mês também não li nenhum livro de não-ficção e nem de memórias, algo que vinha em uma constante desde meados de 2022. No entanto, minhas preferências por esse gênero foram atendidas através de dois livros de ficção, que flertam com as memórias de alguma forma. Estou feliz com os livros concluídos em março e agora vou compartilhar essas experiências com vocês!

  • A muralha – Dinah Silveira de Queiroz (Instante, 2020): Durante o período da inquisição e das bandeiras, Cristina deixa sua terra natal, Lisboa, para se casar com Tiago em São Paulo de Piratininga. Através de uma prosa impecável e personagens complexos, a autora nos conta suas venturas e desventuras no Brasil.
  • As avós – Doris Lessing (Companhia das Letras, 2007): Roz e Lil são amigas de longa data, vizinhas em uma cidade litorânea, foram casadas e cada uma tem um filho. Essa amizade será colocada à prova quando as duas se envolverem com o filho uma da outra. Com muita sensibilidade e bom humor, a autora discute maternidade e sexualidade através dessas relações pouco convencionais.
  • Memórias de Mama Blanca – Teresa de La Parra (Oficina Raquel, 2021): Os anos dourados da infância de Blanca Nieves são compartilhados com o leitor através de um texto sensível, ao mesmo tempo em que, na voz de uma criança, mostra um outro lado da Venezuela, com seus povos originários e sua história de escravidão, consequência direta da colonização.
  • Violeta – Isabel Allende (Bertrand, 2022): Narrado em primeira pessoa, em forma de carta, a protagonista conta sua história ao neto, entremeada à história de seu país, passando pelas opressões do clima, das pestes, da economia frágil e das ditaduras.
  • O amigo – Sigrid Nunez (Instante, 2019): Após perder o melhor amigo para o suicídio, a protagonista resolve escrever um livro contando-lhe os acontecimentos após a sua morte. Neste relato, a autora discute temas importantes sobre o mercado editorial, a academia, o processo de escrita, além de outros assuntos como a morte, a amizade, a ética e o amor aos animais.
  • Meu nome é vermelho – Orham Pamuk (Companhia das Letras, 2013): Um mestre das iluminuras é morto enquanto realiza um trabalho encomendado pelo Sultão. Ambientado no século XVI, o romance vai além da trama policial, apresentando ao leitor o viver entre dois mundos da Turquia.
  • A invenção da solidão – Paul Auster (Companhia das Letras, 1999): Em busca de um sentido para a ausência de relacionamento com o seu pai, o autor investiga o passado de seu genitor, assim como faz reflexões sobre a sua própria experiência com a paternidade.
  • Seus olhos viam Deus – Zora Neale Hurston (Record, 2022): Janie, uma moça negra, filha de pai desconhecido e abandonada pela mãe, é criada pela avó que se preocupa muito com o seu futuro. Ao contrário de sua tutora, a garota deseja viver o amor, se apaixonar e ser correspondida. Neste romance, através de uma prosa potente, a autora discute liberdade e as opressões de gênero e raça.
  • As horas nuas – Lygia Fagundes Telles (Companhia das Letras, 2010): Rosa é uma atriz em decadência, que enfrenta o luto, a depressão e o envelhecimento, recorrendo à bebida para lidar com os problemas. Ao seu lado, estão a filha Cordélia, a analista Ananta e o gato Rahul, um dos narradores mais irreverentes da literatura brasileira.
  • Sodoma e Gomorra – Marcel Proust (Nova Fronteira, 2017): Marcel está passando as férias em Balbec, onde seu relacionamento com Albertine ganha força. É também um momento de descobertas e reflexões para ele, transformando-o e modificando a sua forma de encarar o mundo, a morte e as relações interpessoais.

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