vida de leitor

Metas Literárias 2023 e desafio de 12 livros

Final de mais um ano de excelentes leituras e por isso já é de praxe começarmos a planejar o próximo. É interessante observar que a maioria dos leitores têm esse TOC com organização e com planejamento e assim, mesmo que as metas ou os desafios não sejam cumpridos, nós programamos o nosso ano literário. Por outro lado, é importante fazer isso para evitar compras impulsivas ou mesmo esquecer alguns livros na estante, que no momento da compra pareciam imprescindíveis e depois, foram ficando na estante esperando a sua vez.

Essas reflexões são importantes para observarmos a nossa evolução como leitores: percebo que no ano de 2022, minhas avaliações dos livros foram em sua maioria altas. Isso porque escolho bastante o que vou ler, claro que dando oportunidade para leituras que saem da minha zona de conforto, mas ainda assim, a grande maioria são de livros certeiros e por isso, fluem melhor e as expectativas acabam sendo alcançadas. Pensando em tudo isso, e também no fato de eu ter cumprido o meu desafio de 2022 quase todo neste momento, ter feito leituras incríveis a partir dele, conhecido autores novos e reencontrando outros que há muito eu não lia, resolvi repetir a dose para 2023.

Os critérios para as escolhas do próximo ano foram muitos. Considerei algumas observações que fiz ao longo de 2022 de outros produtores de conteúdo que eu acompanho e resolvi escolher livros que realmente fazem parte dos meus interesses literários. Quatro pessoas foram cruciais para que eu chegasse a esse critério de seleção. A primeira, foi a Duda Menezes (@dudabmenezes), que em 2022 leu o que quis, entrou na livraria e comprou livros que nunca tinha ouvido falar, passando pela estante pegou um livro aleatório, começou a ler e adorou a experiência… acompanhar tudo isso me fez pensar que há muito eu não me permito essa liberdade de escolher qualquer livro aleatório para ler. Assim, já faço uma concatenação com uma fala da Ju Cirqueira (@jucirqueira), onde ela observou que estava transformando suas leituras em obrigações, que sentia vontade de pegar um livro na estante, da sua biblioteca e ler sem compromisso. Isso me fez pensar que eu posso fazer isso quando quiser: não tenho parceria com editoras, não tenho compromissos de leituras, meu site é livre, escrevo as resenhas que quiser nele e os clubes do livro que participo, podem ser lidos ou não – nada me obriga a ler os livros indicados pelos curadores.

Um tempo depois, já pensando em tudo isso, a Lara Marques (@laramarquesquaggio) fez uma sequência de stories onde ela refletiu sobre suas metas para 2023 e disse que nós, criadores de conteúdo, precisamos criar os nossos próprios projetos porque senão, seremos sempre uma cópia de outros influenciadores. Assim como eu, ela entrava em várias leituras coletivas ao mesmo tempo e não dava conta de todas. Depois se sentia frustrada e olhava para a própria estante e pensava: quando vou ler os livros que eu comprei e que realmente quero ler? Assim, já temos mais uma orientação: consumir o que já temos e não entrar nessa pira de comprar loucamente livros para acompanhar os projetos dos outros.

Por fim, o Lucas do Diário de Leituras (@lucascafre) fez um vídeo explicando porque compra tantos livros e quais os critérios que usa para montar a sua própria biblioteca. Eu achei as suas colocações muito pertinentes porque ele me fez compreender que preciso escolher o que vou priorizar, o que quero realmente ter em casa para consultar quando quiser, o que gosto de ler. Não adianta querer abraçar o mundo com as mãos e tentar ler tudo o que aparece pela frente: é preciso direcionar as coisas e investir naquilo que realmente é do nosso interesse. Assim, escolhi para 2023 os livros que quero ler, que esperei um pouco para ver se teria companhia para essas leituras, mas como dizia Julian Dubois: “viva como se tivesse câncer”. Então, a meta é ler aquilo que nos faz feliz! Vamos às minhas 12 escolhas para o meu próprio projeto 2023!

  1. A república dos sonhos – Nélida Pinon (Record, 2015): Considerado um clássico da Literatura Brasileira, o livro conta a saga de uma família que aportou no Brasil no começo do século e viveu suas venturas e desventuras. Essa será uma leitura coletiva com o Clube Leia Latinos e tenho muitas expectativas em relação a esse livro.
  2. A morte em Veneza – Thomas Mann (Companhia das Letras, 2015): Novela do escritor alemão que vem ganhando cada vez mais a minha admiração, conta a história de um jovem autor que vai para Veneza descansar e acaba se apaixonando por um rapaz judeu. Nem preciso dizer que estou ansiosíssima para ler esse livro.
  3. Os diários da Sylvia Plath – Sylvia Plath (Biblioteca Azul, 2017): Desde que li no ano passado a biografia da escritora e alguns de seus contos, fiquei muito interessada em ler seus diários. Ganhei esse livro de presente no começo do ano e até mesmo comecei a lê-lo. Porém não continuei a leitura. Dessa forma, ele entra aqui no desafio para ser lido junto aos poemas da Sylvia.
  4. Guerra e paz – Liev Tolstói (Companhia das Letras, 2017): Obra-prima do escritor russo, conta a história de algumas famílias durante a marcha das tropas napoleônicas na Rússia e as suas vicissitudes. Não é segredo para ninguém nesse site o quanto eu me tornei fã de Tolstói depois de ler os seus contos completos e este é um forte candidato a ser um favorito.
  5. O evangelho segundo Jesus Cristo – José Saramago (Companhia das Letras, 2005): Reconto da história de Cristo pelo autor português, abordando-o por um paradigma mais humanístico e menos catártico. Estou bastante ansiosa por essa leitura, pois esse é um dos livros mais antigos da minha estante e faz uns dois anos que não leio nada do autor.
  6. À espera dos bárbaros – J. M. Coetzee (Companhia das Letras, 2006): Romance curto do escritor sul-africano, conta a história de um povoado que vive sob o comando de um homem blasé até que chega por lá um outro dominador, que vai revolucionar a vida neste deserto. O autor aborda aqui os temas mais caros de sua obra: censura, absolutismo e moral. Também guardo altas expectativas em relação a esse livro e faz um bom tempo que não leio nada do autor.
  7. Memórias póstumas de Brás Cubas – Machado de Assis (Antofágica, 2022): Um dos livros mais importantes da Literatura Brasileira, conta as reflexões de Brás Cubas, que está morto, mas ainda tenta lançar o seu emplastro anti-hipocondríaco. É provável que eu já tenha lido esse livro na escola, mal e porcamente. Por isso, nem me lembro de ter feito essa leitura. Entretanto, Machado tem se tornado um autor queridinho para mim e a cada livro seu que leio, mais o admiro. Outro forte candidato a favorito aqui.
  8. A muralha – Dinah Silveira de Queiroz (Instante, 2020): Mais um clássico brasileiro do século XX, conta a história de violência dos primeiros desbravadores do Brasil no século XVIII, com foco na força e na resiliência das mulheres. A história não me é desconhecida, pois assisti à sua adaptação na TV e gostei muito. É outro forte candidato a favorito nesta lista.
  9. Memórias de Adriano – Marguerite Yourcenar (Nova Fronteira, 2019): Romance histórico que conta a trajetória do Imperador Adriano, de forma filosófica e poética. É considerado pela crítica como um dos melhores romances do século XX e a obra-prima da escritora belga. Aparentemente, esse livro tem tudo o que eu gosto na literatura: história, filosofia e boa estética. As expectativas estão altas por aqui.
  10. Sempre vivemos no castelo – Shirley Jackson (Suma, 2017): Três membros da família Blackwood vivem isolados em uma casa até que chega um primo distante para desvendar os mistérios dessa mansão e da solidão dessas pessoas. Finalmente lerei Shirley Jackson, autora que tento conhecer há uns bons anos e sinceramente não entendi porque não li ainda. A premissa do livro lembra muito o Ópera dos Mortos do Autran Dourado, que li esse ano e adorei.
  11. Primavera num espelho partido – Mario Benedetti (TAG, 2018): Romance que discute as contradições humanas e a busca de sentido da vida, através de reflexões do autor em seu período de exílio durante a ditadura militar. Só ouço falar maravilhas sobre esse livro e ele é de um escritor uruguaio, por isso está aqui neste desafio. Posso dizer que é mais um candidato a favorito nesta lista.
  12. Água viva – Clarice Lispector (Rocco, 2019): Romance experimental e mais próximo do autobiográfico de Clarice, é chamado pela própria de antiliterário, o que me lembra imediatamente de um dos meus livros favoritos da vida, O jogo da amarelinha do Cortázar. Não é segredo para ninguém nesse site que eu amo os livros da Clarice e ela não poderia faltar nessa lista de 2023.

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